domingo, 23 de abril de 2023

Felina


Ela tinha esse charme peculiar e displicente
Ficava horas e horas no sofá cochilando
De repente se levantava
E se espreguiçava com muita graça
Olhava pela janela da porta da sala
O movimento na rua lá fora
Às vezes o tédio e barulho
A faziam retornar a seu ritual rítmico
Caminhava então pela sala, como se estivesse em uma passarela
Outras vezes saia para fazer longas caminhadas noturnas
Ela era realmente um ser da noite e tinha certa aversão ao dia
O sol morno era sua companhia
Não era muito de conversar
Mas às vezes dava seus palpites
Seus olhos verdes brilhavam a luz do luar
Ou simplesmente enegreciam à sombra noturna
Era muito asseada e gostava de longos e demorados banhos
No inverno, como toda boa felina,
Gostava de se recostar nos pés de alguém
Apesar de temperamental era uma criatura boa e afável
Sem nunca revidar com agressão,
Mais se impondo sempre quando incomodada