É quando pisamos com outra leveza e a necessária sabedoria o terreno das oportunidades vividas ou perdidas e dos sonhos ainda acalentados.
É quando não podemos deixar de somar ausências, lidar com cadeiras vazias na ceia de Natal e nos darmos conta do que parecemos esquecer no dia a dia: que a marcha do tempo é irremediável. É nessa época que costumamos fazer balanços e nos reencontrar com nós mesmos, com as convicções e esperanças que constroem a identidade de cada um.
No meu caso, nesta perspectiva extensa, vejo que busco manter-me fiel à postura que sempre me impus desde que, há 25 anos, iniciei a minha vida pública -não cair na tentação fácil de tratar adversário como inimigo, de confundir país com governo.
No plano da esperança, apesar das decepções de tarefas inconclusas e das incompreensões da vida pública, constato novas possibilidades sendo vagarosamente gestadas, não pelo mundo do poder, mas pelo amadurecimento de uma nova consciência coletiva acerca dos direitos dos cidadãos e dos deveres de todos nós para com o país.
E é ela, sempre ela, a esperança, que termina por nos conduzir à frente.
Se no Brasil o ano foi engolfado por denúncias no campo ético e marcado por um crônico imobilismo da agenda de transformações, em plano mais ampliado, a história, aqui e fora daqui, registrará 2011 como o momento em que, após longo torpor, a juventude começou a retomar a iniciativa da ação política.
Sou otimista por natureza e é com este sentimento que saúdo a forma com que, graças à tecnologia, mais e mais pessoas se apropriam da política como ela merece ser exercida, como instrumento pessoal e coletivo de transformação da sociedade, longe dos ritos solenes.
Através da internet e das redes sociais, os espaços públicos aqui e no mundo voltaram a ser arejados e rejuvenescidos por contingentes de cidadãos de todas as idades, ávidos em reiterar o valor universal da justiça e da democracia. Como consequência, a política tradicional está sendo obrigada a ecoar cada vez mais esse generoso clamor das ruas. E se o final do ano, repito, nos humaniza, que isso não seja privilégio apenas desses dias.
Que 2012 nos permita encontrar o caminho para novas convivências. Na vida familiar e na atividade profissional. E que essa convivência seja, no primeiro caso, regada apelo afeto. E, no segundo, pelo respeito. Assim, poderemos percorrer 2012 honrando mais e melhor a nós mesmos e a nossa história. Feliz ano novo!
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/16884-otimismo.shtml
São Paulo, segunda-feira, 26 de dezembro de 2011
Aécio Neves
Apesar de ser este um texto político (e eu ser totalmente avesso a isso), o conteúdo tem todo um fundamento. Pois a linha do tempo é contínua, nós é que demarcamos ela com fatos e eventos. E nada melhor que uma pausa para revermos tudo que foi feito, conquistado ou perdido, darmos a chance e termos a chance também. Enfim não percamos tempos com coisas pequenas e tolas vamos dar valor a espiritualidade e amizade. Pois como disse Jesus no texto seguinte (e eu ser totalmente avesso a religiosidade, mas ter uma fé profunda e inabalável em Deus), não percamos tempo em reatarmos, mesmo com que nos fez um mal...
"22 Eu, porém, vos digo que todo aquele que se encolerizar contra seu irmão, será réu de
juízo; e quem disser a seu irmão: Raca, será réu diante do sinédrio; e quem lhe disser: Tolo,
será réu do fogo do inferno.
23 Portanto, se estiveres apresentando a tua oferta no altar, e aí te lembrares de que teu
irmão tem alguma coisa contra ti,
24 deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai conciliar-te primeiro com teu irmão, e depois
vem apresentar a tua oferta.
25 Concilia-te depressa com o teu adversário, enquanto estás no caminho com ele; para
que não aconteça que o adversário te entregue ao guarda, e sejas lançado na prisão.
26 Em verdade te digo que de maneira nenhuma sairás dali enquanto não pagares o último
ceitil." (Mateus 5)
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