terça-feira, 8 de maio de 2012


São Paulo, segunda-feira, 07 de maio de 2012

EDITORIAIS

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Modelo esgotado

Acumulam-se evidências de que a volta do crescimento será lenta. Contrariando expectativas, a produção industrial teve queda de 3% no primeiro trimestre, sobre o mesmo período de 2011, concentrada em bens duráveis e de capital.

A redução no grupo de bens de capital é especialmente preocupante. Ela indica que o investimento se acha estagnado, a despeito dos estímulos do governo.

O crédito também permanece fraco. Mais do que pouca disposição dos bancos para emprestar, falta demanda. Juros mais baixos certamente ajudam, mas é pouco provável uma nova onda de endividamento das famílias.

Apenas o consumo de bens não duráveis permanece robusto, impulsionado pelo aumento da renda e pela queda da inflação. Mas, sozinho, não é suficiente para compensar o recuo em outros setores. Por isso, salvo uma recuperação muito forte no segundo semestre, há risco real de crescimento do PIB inferior a 3% neste ano.

Se confirmado o prognóstico, será algo novo no Brasil. No passado não distante, uma configuração como a atual -juros reais próximos a 3% ao ano (descontada a inflação), política fiscal expansiva e forte crescimento da renda- resultaria em superaquecimento.

A letargia da atividade econômica vai além de um fenômeno cíclico. Há esgotamento do modelo de crescimento baseado no crédito ao consumo e na alta de preços das commodities exportadas.

Nenhum outro vetor de crescimento parece ter condições de substituir essa dupla. O candidato óbvio a novo motor da economia seria o investimento, que, no entanto, permanece abaixo de 20% do PIB, uma das menores taxas entre todos os países emergentes.

Estimular investimentos é tarefa mais complexa do que impulsionar vendas de carros e eletrodomésticos, especialidade do governo federal nos últimos anos.

Um avanço promissor envolveria dar consequência à receita simples -porém esquemática- da própria presidente Dilma Rousseff para desfazer as três amarras do país (taxa de juros, taxa de câmbio e impostos altos) e trilhar o que chamou de "quarto caminho" -educação de qualidade.

Há progressos nos juros e no câmbio, facilitados pela conjuntura interna e externa. Mas, no que se refere a impostos e educação, pouco se faz de mais ambicioso.

Há anos o país espera, em vão, que o governo federal controle suas despesas, o que em tese permitiria estancar o crescimento da arrecadação e reduzir a carga tributária.

Um compromisso de redução gradual de impostos sobre a produção, para todos os setores e não só os escolhidos a dedo, seria a melhor contribuição para acender o ânimo empresarial e iniciar um ciclo duradouro de crescimento.


São Paulo, segunda-feira, 07 de maio de 2012

VINICIUS MOTA

Imagem é (quase) tudo

SÃO PAULO - Mesmo com a divulgação de dados de estagnação econômica, a presidente Dilma Rousseff venceu a batalha da opinião pública na semana passada. Imagem é tudo, diz o bordão.

A necessidade de baixar mais os juros, decorrente da fraqueza da atividade e da frustração da retomada, revestiu-se de cruzada contra a ganância de banqueiros e de ofensiva para libertar o país de velhos grilhões financeiros. Colou.

Colou tanto que a gestão Rousseff emplacou, sob aplausos gerais, a sua mais importante reforma até aqui. Ao implantar a remuneração variável na caderneta de poupança, pulverizou a barreira que limitava a queda dos juros de curtíssimo prazo da economia brasileira.

A presidente diz almejar taxas de 2% acima da inflação. As negociações financeiras no mercado para daqui a um ano se aproximam dessa marca. Nem o governo parece dar-se conta, contudo, de que o juro básico agora pode empatar com a inflação, ou cair abaixo dela, se for necessário.

O Planalto talvez não deseje tanto radicalismo na derrubada das taxas. O outro lado dessa moeda seria uma economia ainda mais anêmica, incapaz de manter incólumes o emprego e o salário dos trabalhadores, atuais bastiões da popularidade presidencial.

A marcha do PIB no meio do mandato de Dilma estará mais para a leseira dos anos FHC do que para o ritmo melhorzinho do segundo Lula. Se o quadro piorar, ficará mais difícil para a marquetagem dilmista transformar latão em ouro.

Diante da falta de ambição reformista no governo federal desde meados da década passada, a mudança na caderneta, decerto precipitada mais pela urgência que pela estratégia, foi uma boa surpresa. Liquidado o piso dos juros, falta atacar a carga de impostos, que asfixia a produção.

Nesse capítulo, não há banqueiros para botar a culpa. O vilão é o nível do gasto público. Dilma vai encarar?

vinimota@uol.com.br

NOTA:

                Realmente fica visível qual é o plano daqueles que detém o poder financeiro em nosso país. Como a população vem aprendendo que o crédito e empréstimo são armadilhas perigosíssimas, deram de certa forma uma freada as dívidas voltando se para a poupança, para poderem salvaguardar seu pequeno patrimônio.

                Agora eles vêm com este rebaixamento da poupança, talvez queiram indicar que poupar não é uma boa solução, visto que não vise lucratividade ao individuo que esta lá depositando seu pequeno valor. Ou seja, o melhor seria realmente gastar para não congelar este dinheiro fazendo com que ele perca seu valor!

                A melhor resposta que a população pode dar é: NÃO CONSUMAM SEM NECESSIDADE E CONTINUEM POUPANDO!!!

Antonio M. Silva - copyright©http://alchemist-projeto-alquimia.blogspot.com/

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