quarta-feira, 14 de julho de 2021

O Incauto


Subindo a colina
Tinha um incauto
Ele estava de pés descalços
Tinha sempre a mania de dizer que sabia de tudo
Nunca era aberto a conhecer coisas novas
Reclamava do governo, do vizinho, do pão...
No dia seguinte
Fazia elogios ao político, parecia prolixo...
Atravessava a rua e ia pedir ao vizinho um pedaço de pão
Quando o sol dava um alento
Ele voltava a reclamar de novo
Mais sempre estava ali pela vizinhança
Fincara raiz naquele local
Um dia lhe deram um livro
Ele jogou fora pois não tinha tempo para leitura
Deram-lhe um emprego
Mais ele disse que era cansativo demais trabalhar
Uma pessoa se sentou a seu lado, oferecendo-se para partilhar
Respondeu então que não era de partilha, pois já estava de partida
Mais no outro dia lá estava ele de novo
O incauto, nunca vou me esquecer dele
Estava sempre doente
Dizia que era perseguido por Deus
Mais quando um irmão lhe pedia um pedaço de seu pão
Escarrava no chão
Um dia foi encontrado morto na via
Com muito custo vieram remover seu corpo
Desceu em terra fria e úmida
Onde seu corpo foi devorado com facilidade
Os dias se passaram
Ninguém mais se lembrava do incauto
Ele não havia plantado nenhuma semente
Seus dias foram longos, azedos e torturosos
Ao que se pode dizer que foi um desperdício
Tanto vício sem oficio e sem sentido...

imagem: Medium - Photo by ÉMILE SÉGUIN - on Unsplash

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